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{o outro #3 - Nina Maria} "Eu já cheguei a desistir da minha vida várias vezes. Senão fossem os livros, meus professores, e a literatura, eu não estaria viva hoje".
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{o outro #3 - Nina Maria} "Eu já cheguei a desistir da minha vida várias vezes. Senão fossem os livros, meus professores, e a literatura, eu não estaria viva hoje".

Hey, psiu! Tá vendo esse botão “play” aí em cima? Ele é pra você que está sem tempo - ou que está com preguiça mesmo :P – de ler a confissão abaixo e conhecer nosse convidade. Apure seus ouvidos e ouça a essa conversa boa no podcast. Mas sem desculpas pra deixar esse conteúdo de lado, ok? :)


Olá você,

Durante o bate-papo com minha terceira entrevistada, a escritora Nina Maria, percebi que ela mencionou várias vezes a palavra “vida”, seja para amplificar um contexto ou para contrapor com o sentido da morte mesmo, palavra que permeia não só seu vocabulário, mas, de certa forma, no tocante a seus pensamentos. Nina superou tentativas de suicídio e o ato da automutilação. Felizmente, a escritora continua lutando contra seus momentos na escuridão que podem ser sentidos através de sua poesia, que esbraveja força, e de sua coragem pessoal em falar sobre essa faceta.

Eu jamais sequer estive perto de uma experiência como essas, mas como a poeta mesmo disse, existe uma fênix dentro dela; que nasce e morre todos os dias. Nina é essa fênix que merece ser vista como um símbolo de persistência, de transformação, de recomeço e, principalmente, de esperança; como se “ser Nina Maria” fosse sinônimo da vitória da vida sobre a vontade de existir em outra existência.

Perdão se minha apresentação pode parecer densa, mas, surpreendentemente, a conversa e o depois que vivi do meu encontro com a Nina tem sido leve. Leve porque como escritora, sabe bem suavizar até os sentimentos mais sombrios. Então, acredito que você também leitor vai poder tirar muita leveza, além de vários valorosos aprendizados.

Me sinto grata e honrada por você, Nina, ter topado a se confessar dentro e fora do que escreveu; que sentiu que meu ouvido fosse como um papel onde tudo de, alguma forma, viria a ficar registrado, e ficou! Obrigada, Nina e vida longa a você e sua poesia! <3

Aos que estão a prestes a mergulhar no oceano de Nina, se preparem para um nado profundo entre literatura e saúde mental!

A L.C EM UM CLIQUE

Larissa Xavier // Literatura Confessional

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Com vocês, Nina Maria se confessando em:

A pele que habito

A pele que habito arde a todo instante, vivo em erupção, sou meu próprio vulcão e eu grito-ardo- explodo várias e várias vezes, silenciosamente. A pele que habito transpassada e decalcada por linhas, sobrevive entre fios prestes a se romperem - fios de uma roupa rasgada-usada-amassada cujo ninguém mais quer. A pele que habito é cheia de linhas, carrega marcas e traumas inexplorados [estou nua, sozinha, numa ilha deserta com meus medos]. A pele que habito não habita em mim, porque às vezes, eu não existo. Às vezes, preciso que algo para além da pele perpasse meu corpo para que eu sinta, nem que seja, por um milésimo de segundo, algo além-vida, porque viver é um instante e a pele que habito arde-grita-explode anos-luz daqui.

Devaneios

Minha garganta dói, arranha. Eu quero falar, respirar, amar. Pedaços de mim mesmo caem a todo instante, e eu me levanto, me ergo. Nua, numa batalha diária, sou o príncipe, a princesa, o vilão e o dragão e vou escrevendo minha própria historia cheia de vírgulas, pontos, exclamações e interrogações, mas às vezes não sei quem sou, onde estou e para onde vou. Estou presa, estou solta, danço, canto, balanço em tempos antigos, mas também sou o agora e o futuro. Enquanto escrevo esse texto, já morri tantas vezes que nem sei. E eu renasço. Renasço porque a vida é composta pelo verbo tentar. Eu tento, tu tenta, ele tenta, nós tentamos e a vida se faz, se refaz. Minha garganta segue arranhada, emaranhada de eus, de nós e nos. Inquieta, grito, choro, sou louca, sou sã. Devaneios de mim mesmo em plena confusão dançando na chuva de sonhos onde anseio em ser livre dos meus fantasmas. Silêncio. Respiro, agora calma, molhada, largada, minha alma pede calma e anseia amar.


Biografia: Geminiana, feminista e lésbica, Nina Maria, é natural do interior da Bahia e estuda Letras vernáculas com francês. Com dois livros publicados “A Flor Da Pele” e “Há Nove Luas em Mim”, Nina escreve para não morrer e para dar sentido ao universo do qual vive. Sua poesia existe e resiste de maneira que luta contra racismos, lesbofobia, e machismos.

*Pra comprar os livros da Nina ou seguir seus mais recentes escritos, acessem seu Instagram!


Obrigada por nos ler/ouvir até aqui. Te vejo na próxima confissão. <3

Larissa Xavier // Literatura Confessional

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